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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Pesadelo real




Tento dormir mas não consigo
ouço arranhaduras na parede
minha respiração pára
Meu coração galopa!

Um suspiro, não um gemido
acompanha o arrastar das garras
posso ouvir algo aproximando-se
encolho-me aterrorizada no leito...

Em pânico lutando por respirar
subtamente tudo se aquieta!
silêncio tumular enche o quarto...
respiro ligeiramente aliviada.

Estico meu corpo dorido
do esforço de ocultar-me
e viro-me no leito a fim de dormir
tudo deve ter sido um pesadelo!

Não pode ser nada!
Mas, por que a sensação
de medo, de pavor continuam
ali pulsando junto ao meu coração?

Tenho medo de mover-me
e acontecer algo
algo que não creio existir,
não existem criaturas sobrenaturais!

Assassinos e ladrões talvez, mas
monstros? Não...
Acasa está trancada, alarme ligado
talvez fosse apenas um galho

Batendo nas janelas
preciso dormir e esquecer
esse pesadelo tão terrivelmente vívido...
Mas de repente sinto

inexplicável e congelante frio
calafrios percorrem meu corpo
fazendo-o estremecer...
o medo despedaça minhas esperanças

De que tudo está bem.
Não está e eu não sei
o que fazer, como agir
pânico...pânico...pânico...

Subitamente meu lençol
move-se sozinho
algo começa, a esgueirar-se lentamente
sob ele, arrastando-se por meu corpo!

Aproxima-se cada vez mais
posso sentir um corpo enorme
sobre o meu; pesado, asfixiante.
Arfando de terror levanto o lençol

Horrorizada nada vejo,
mesmo sentindo-o...
então um forte puxão
prende meus braços subjugando-me

Cai o lençol definindo
uma silueta masculina e bizarra,
algo pontudo perfura ferozmente o lençol
tentei gritar, mas uma mão

Invisível tampa minha boca
enquanto uma outra sujeitava minhas mãos
a coisa acomodou-se sobre mim
e penetrou-me

Com bruscos movimentos
derruba totalmente o lençol
no chão  e vi...oh horror!
Nada possuindo-me!!!

Mas podia sentí-lo dentro de mim
brutal, terrível, selvagem...
minha mente alucinava e comecei a enfraquecer
mas não o suficiente para desmaiar.

Permaneci presa
da fúria lascíva de
algo que não podia ser visto,
que não podia existir!!!

Minutos que pareceram séculos
findaram-se e senti uma
lambida em meu pescoço
a língua desceu até meu ombro, mordendo-o.

Dor cruenta levou-me ao desespero
a coisa mordeu-me e desapareceu...
Em choque permaneci deitada , perdida
acabei desmaiando.

O relógio despertou-me como sempre
conclui que o ocorrido fora tudo pesadelo
mas estava exausta, dolorida e enjoada
parecia ter lutado, mas havia dormido...

As horas se adiantavam e
precisava preparar-me para mais um dia
frustante de trabalho.
Desço do leito e percebo o lençol rasgado...

Surpresa e aterrada lembro
do pesadelo terrível da madrugada e
ao mover o braço sinto aguda
dor no ombro!

Batera o ombro dormindo e
criara subconscientemente
aquele pesadelo horroroso?!
Claro ...só pode ser isso.

Levanto-me alongando o
corpo estranhamente dolorido
quando vejo no reflexo do vidro da janela
marcas de presas em meu ombro!

Cambaleei estarracida!
Caí ao chão chocada, petrificada...
De repente uma dor terrível
me derruba de vez no chão e vejo minha barriga

Oh Deus! Está crescendo...ficando enorme!
a cada momento maior, despedaçando-me
por dentro para ganhar espaço
 dor alucinante, e repentinamente

Algo sai de mim
tudo foi tão rápido...tão rápido...
moribunda ergo a cabeça e
vejo horrorizada, algo invisível

Visivel apenas pelo sangue placentário
que escorria por seu corpo
e, caindo, ocultava-o ainda mais
no ar à minha volta...

Antes de sumir de minha vista
aquilo começa a aproximar-se e,
 rasgando meu ventre com garrar demoníacas
alimenta-se de minhas entranhas...

Satisfeito da carne materna
devorada feroz e avidamente
ele retorna para o Vazio
buscando uma infeliz concumbina, um útero!



Ariadne

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