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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Retorno


Oh! Negros e esvoaçantes cabelos...
Nenhuma expressão, olhos vazios...
essa é a máscara da morte!

Negras, brilhantes e fulgurantes asas
retirem-me deste pântano humano!
Liberte-me do cárcere corporal!

Vós, vendo-me maltrapilha
esgotada e aflita
elevando as mãos

Em ardente suplica
ouça-me, ó Anjo Libertador,
o Ceifador divino.

Rompa de vez
o grilhão que me prende
a esta prisão carnal!

De repente sinto o suave
e contundente empuxo...
Flutuo em inúmeros cículos

Alívio, desespero, esperança, trevas...

Vejo o sombrio lar
das almas angustiadas
em sangrenta disputa!

Emersas em profunda e sombria
habitação dos aflitos e deserdados
desesperançados, corações partidos...

O lar de todos que procuram
no crime, na morte, nos vícios
a razão da vida!

Diante de tão dantesca visão
suplico, rogo, clamo perdão...
Mais uma chance de alcançar iluminação!

E qual trovão ressoou
no Abismo a Voz soberana
de único Senhor

Cheia de autoridade, nobreza
clemência e piedade
atinge-me em cheio a despedaçada alma...

Conturbada, vacilante e criminosa
envergonho-me ao receber
o tão ardente desejo

De retornar em nova oportunidade
às lides e responsabilidades
vergonhosamente abandonadas...

Corrigir o erro, reformar o passado
recuperar o tempo perdido no
profundo e sombrio abismo da ignorância!



Ariadne

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