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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Inferno




Subi ao cume das paixões
para ver nos corações
as marcas dos dissabores!
 Vivi horas de horror...
Quantas ilusões perdidas!

Pasmo, passo agora, sôfrego a lutar
e ao lume da brasa densa
espelho apenas de minha nudez, insensatez
crueldade, vilania e sordidez
pergunto-me:

Para onde vou luz do dia?
tu que para mim sorrias
por onde anda tua luz?
Nenhuma resposta obtenho,
mas com brilho feérico e sombrio

Estranha e bizarra entidade
às gargalhadas grita-me:
prisões, mentiras e ruínas
derramaste á tua passagem.
Dizia à todos: Venham à mim!

Sou aquele a quem buscais!
o representante da glória e poder celestiais!
Ajoelhem-se, cubram-me
com ricos mantos, adornem-me de jóias,
e obtereis seus desejos mais insanos!

Agora procuras a Claridade?!
Tú, ser das trevas?
Já que suplicas à Luz
Tome-A e cegue teus olhos
com a visão infernal dos crimes teus!

Tomado de pavor gritei:
-Oh horror! Por favor
cesse a Luz, ocultem meus
crimes infames! Afastem essas
macilentas faces cobrando-me reparação!

Suplico-te criatura infernal...
Arranca-me os olhos
Não me obrigues a ver este mal
estas pobres vítimas exibindo-me
a dor, desgraça e a mutilação que causei!

Com riso demoníaco
 o Ser das Trevas responde
ao desesperado infrator:
- Engana-te, verme, ao pedir-me
a cegueira como fuga aos crimes teus!

No Inferno cada um cozinha
na caldeira que ergueu!
Recolhas os frutos semeados
e sustenta-te com eles
eternamente!


Ariadne

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