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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Jardim do Mal




Margareth era uma jovem linda e adorável! Longos cabelos negros, olhos verdes brilhantes, na casa dos trinta anos, professora. Era amada por todos. Boa amiga, boa vizinha, boa professora, um tesouro...o que fazia que muitas mães pedissem à ela que cuidasse de seus filhos como babá, serviço que ela sempre adorou fazer, como cuidar de seu magnífico jardim onde reinava onipotente uma pessegueira divina, repleta de frutos carnudos e sumarentos..
Todos desejavam saborear aquelas jóias, mas Margareth nunca permitiu, mantendo seu quintal protegido com muro e cães perigosos para evitar que tocassem seus pêssegos. Eu pensava :"-Como alguém tão gentil podia ser tão avarenta? E com frutas?", porém o mais estranho era quando ela os dava.
Algumas vezes Margareth trabalhava como babá a pedido de pais de alunos e então ela levava um lindo pêssego para a criança que cuidaria; até aí nada demais, até que muitos de nós gostaríamos de saborear os tão desejados pêssegos, mas eles eram apenas para as criança, isso e um  fato estranho me fez prestar mais atenção à "doce" vizinha.
Dias após comerem o pêssego a crianças morriam! Ninguém nunca notou nada pois as crianças não morriam logo após comerem o pêssego, mas dias conforme a idade delas, como a Paula morreu nove dias após os "cuidados" de Margareth e ela tinha nove anos; Bruno, cinco dias após e tinha cinco anos...comecei a reparar que acontecia com todas as crianças, mas todos achavam que era em vírus ou tragédia mesmo pois nada apontava para a tão boazinha vizinha Margareth! Mas eu sabia a verdade e iria provar! Passei a olhar para a árvore por um buraquinho no muro e vi ela recolhendo um fruto e depois beijando a árvore!!! Quem faz isso?! E depois ela dava esse fruto exclusivamente para uma criança e essa morria! Como suspeitava ela era uma bruxa assassina!
Corri pra casa e contei tudo pra mamãe, sobre a bruxa Margareth estar matando as crianças com pêssegos amaldiçoados e ela me mandou pro quarto por inventar mentiras tão horriveis, que eu aprendesse a respeitar os mais velhos! Tentei retrucar mas não teve jeito, fiquei tão furiosa, só eu sabia a verdade e como faria para deter a assassina de bebês? Só tenho oito anos...
Sentei carrancuda num canto até que tive uma idéia! Seguirei a bruxa e descobrirei seu segredo, uma prova para todos acreditarem em mim! Após todos estarem dormindo, pulei a janela peguei minha bicicleta e fui direto pra casa da bruxa Margareth, olhei pelo buraquinho e lá estava como sempre acariciando e beijando a árvore, muito estranho! Talvez ela fosse só louca mesmo...Então ela pega uma pá e uma bolsa e vai para o carro. Os cães ficam latindo e correndo vigilantes assim que ela sai.
Fui atraz correndo o máximo que pude na bicicleta e vi que ela entrou no Jardim Eterno, o cemitério da cidade. Fiquei chocada, por que ela foi lá, à noite com uma pá e uma bolsa? Então ela parou ao lado do túmulo recente de Mary de seis anos, morta à seis dias!
Ela cavou até retirar o corpinho de Mary e colocou-o na bolsa; depois enterrou o caixão vazio e recolocou as flores, como estavam antes da violação; pegou a bolsa com o cadáver e voltou para casa em seu carro sombrio.
Eu fiquei horrorizada! Nunca pensei que isso pudesse existir, eu contaria pra todo mundo, pra mamãe, pra polícia...todos! Voltei para a casa dela a tempo de vê-la indo à árvore com o cadaver de Mary, já fora da bolsa; então ofereceu-o à ávore que, não acredito nos meus olhos, abriu uma fenda, como boca e engoliu-o inteiro! Em seguida surgiu um pêssego lindo e maduro.
Eu caí de joelhos vomitando e chorando, não posso acreditar! Quero a mamãe, tento levantar mas as mãos fortes de Margareth me prendem e arrastam para seu quintal. Tampando minha boca o tempo todo quando de repente ela me sacudiu forte e falou:

- Então você está bisbilhotando né? Quer saber o que acontece? Hã... diga! Ah sim, você saberá. Este, apontando a árvore, é meu filho Nicholas, morreu aos dez anos e eu pedi ao Esquecido, à Tzulakan, um grande Demônio da Estirpe Antiga, ele retribue àqueles que o servem, e me tornei sua serva. Se ele me devolvesse meu filhinho eu entregaria quantas almas de crianças ele quizesse em troca do meu filho. Então enterrei meu Nick aqui, nesse jardim que ele gostava tanto de brincar e esperei...Ao amanhecer esta árvore estava no local que enterrei meu anjinho, estava seca, desfolhada; então Tzulakan me disse que era o meu filho e para ele viver teria que se alimentar dos corpos das crianças que eu entregaria à ele, ao dizer isso entregou-me um pêssego e disse:
- Essa é a fruta da morte para outra criança e da vida para a sua. Você tem até ao meio-dia para entregar-me uma alma e um corpo ao seu filho. A escolha é sua, dizendo isso voltou para o Vazio. Se Nick não comesse se tornaria apenas cascalho. E, logo que ele se alimentou um milagre aconteceu! Ele ficou forte, lindo, belas folhas, frutos maravilhosos surgiram...foi um milagre! Gritou erguendo os braços.
- Não! Ele é um monstro! - gritei - solte-me, quero a mamãe! supliquei.
Ela agarrou um pêssego e enfiou-o em minha boca, tentando fazer-me comê-lo. Eu me debatia contra a bruxa e consegui soltar-me, cuspi o pêssego maldito e me escondi no quintal até poder fugir. Ela gritou que soltaria os cães e eu resolvi correr, peguei um machado que estava na garagem e corri mas ela apareceu na minha frente de repente; tentou tirar o machado de mim e na briga ele escapou e acertou a àrvore que soltou um hurro indescritível, começando a sangrar.
Margareth pôs as mãos na cabeça gritando como louca! Foi então que comecei a dar mais e mais machadadas e o sangue escorreu abundante da àrvore que começou a perder seus pêssegos. A gritaria chamou a atenção dos vizinhos e consegui fugir.
Quando a polícia chegou contei tudo, mas não encontraram Margareth, e ao examinar a árvore encontraram órgãos e corpos em sua barriga e ela tinha olhos e boca! Ninguém conseguia entender ou explicar o que era aquilo, o que houve naquele jardim? Eu não queria saber de mais nada além do colo e afagos da mamãe, que me colocou no leito quentinho e seguro de meu lar. Todos me chamavam de heroína e queriam me abraçar, mas eu só queria dormir! Me estiquei toda e suspirei aliviada com olhos fechados, pronta para dormir quando uma mão tampa minha boca. Abri os olhos e horrorizada vi Margareth sobre mim, segurando-me, ela me bateu e desmaiei...
Escuro profundo, ruídos de escavação, aos poucos acordo e lá estava Margareth cavando um grande buraco perto de uma cabana em ruínas; eu estava amarrada e amordaçada, não podia fugir!
Margareth maltrapilha e suja, jogou-me no buraco, então pegou uma faca e abriu um buraco na minha barriga, colocando um pêssego dentro; entra a comemorar dizendo, enquanto me cobre de terra:
- Meu filhinho, meu filhinho amado...voltará para a mamãe!



Ariadne

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